terça-feira, 8 de junho de 2010

Era uma vez, a muitos e muitos anos...

Adri Marquetto, bem vinda ao Teatro Ogan!

Nestes 15 anos de Teatro Ogan, muitas histórias temos para contar. É nesse clima de comemoração que se junta à trupe Adriana Machado da Silva Marquetto, 18 anos, iniciada no "fazer teatral" pela professora Silvana, em Palmas-PR.

Adri Marquetto será a nova contadora de histórias de "Feiurinha para Crianças", espetáculo de Pedro Bandeira, selecionado pelo Intercâmbio Cultural da Secretaria de Estado de Cultura de Mato Grosso.

Abre-se o "Baú das Histórias"

Peregrinando pelo tempo e pelo espaço, guiado pelas suas faculdades de pensar, sentir, querer e agir, o ser humano seguiu exercitando seu potencial e extraindo dele seus fazeres, suas técnicas e artes, assimilando os hábitos de outros e formando um amplo conhecimento transmitido de geração a geração, preservado na memória das sociedades humanas – seu patrimônio cultural.

De geração em geração esses bens e valores foram conservados, aprimorados, dinamizados, enriquecidos e transmitidos principalmente pela palavra, veículo de perpetuação da tradição cultural.

As impressões e experiências de vida, os fatos e fenômenos da natureza e os feitos de deuses e heróis enaltecidos e explicados de forma fantástica através dos mitos, lendas e histórias, a intervenção de seres mágicos temidos e embelezados pela fantasia e imaginação, criou inúmeras formas literárias de inegável valor. Dentre essas se sobressai o conto.

Era uma vez...

Com esta fórmula tão simples e tão mágica, adentramos no universo dos contos de histórias, dos contos maravilhosos, dos contos de fadas, dos causos, das fábulas, e inúmeras outras formas narrativas desenvolvidas pelo homem ao longo de sua história.

É de consenso coletivo que o ato de contar histórias parece ser inato em todo ser humano, embora os primeiros registros deste ato datem da pré-história, quando o homem primitivo colocou suas marcas nas paredes das cavernas que lhe serviam de abrigo. Estas primeiras pistas servem para sabermos um pouco do que foi o dia-a-dia destes povos contado através dos desenhos de seus feitos heróicos.

Um fato marcante na história deste homem primitivo foi o domínio da língua falada, o que permitiu a este homem seguir contando seus atos e feitos, possivelmente cantados na primeira pessoa de forma simples e ininterrupta, ritmados por alguma ocupação tribal necessária à sua sobrevivência.

Esta forma de transmissão dos contos focada na oralidade é outra característica importante que deve ser mencionada. Gislaine Matos e Inno Sorsy assim descrevem essa característica:

“Passados oralmente, eles atravessam fronteiras. Como aves migratórias, e de tanto viajar na ‘palavra’ dos contadores de histórias, os contos populares vão construindo seus ninhos também no imaginário das gentes de terras distantes. Variam os nomes dos personagens, o espaço geográfico, aparecem referências sobre os costumes e as particularidades da cultura em questão, mas a estrutura de base, ou trama principal, se mantém, evidenciando que se trata do mesmo conto narrado de outro ‘jeito’”. (MATOS e SORSY, 2005. p.60)

Essa necessidade inata de relatar os acontecimentos desencadeou um processo onde a imaginação começou a ganhar força e os relatos pouco a pouco foram se transformando, sendo recriados para impressionar ou destacar algum ponto de interesse do ouvinte.

Alguns autores acreditam que esse ato de contar histórias tornou-se de tal forma exagerada que, por modéstia, passaram a ser feitos na terceira pessoa, surgindo daí a figura do herói.

Os Contadores de Histórias

A figura desse “contador-herói” adentrou no universo mítico e trouxe à tona os contos preservados nesse baú, assumindo para si a missão de preservar através dos tempos a memória coletiva de seu povo e conseqüentemente, da humanidade.

Segundo Maria Clara Cavalcante de Albuquerque “inicialmente todos eram contadores” (2005), pois podemos considerar essa modalidade como uma primeira manifestação artística desenvolvida pela humanidade e demonstrada através da dança, da pintura, do canto; enfim, o homem primitivo encontrou em cada uma dessas artes formas diferentes de contar as mesmas histórias.

Com a estruturação e o desenvolvimento das sociedades, as artes se especializaram ocasionando o surgimento do teatro, da dança e da música. Assim, houve a separação entre o cantar e o contar, e dentre as pessoas que tinham uma melhor memória, maior domínio da linguagem e um senso mais aguçado de narrativa foram escolhidos os contadores de histórias.

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