segunda-feira, 3 de maio de 2010

Ninho do Sol irá registrar Festa da Colheita dos índios Paresí

Mandioca em processo de fabricação da chicha

O Ponto de Cultura Ninho do Sol estará presente na Festa da Colheita para registrar esta festividade tão importante para a etnia Paresí-Haliti. Este registro é uma das ações que faz parte do Plano de Trabalho do Ponto.

Leia matéria a respeito da Festa da Colheita:
Cacique Narciso da Aldeia Quatro Cachoeiras

É tradição entre os índios Paresí-Haliti o visitante se dirigir primeiramente a hati (casa tradicional da etnia) do cacique. Na aldeia Quatro Cachoeiras fomos recebidos pelo cacique Narciso, afetivo e cheio de cordialidades. Ele foi o primeiro a nos cumprimentar, convidando para sair do sol e tomar lugar à sombra de um “tolutsi” (chapéu de palha).

Bastante comunicativo, o cacique pediu para não tirar fotografia enquanto ele não se trajasse com suas vestimentas tradicionais feitas de penas de ema e arara. Narciso entrou na Hati e logo saiu trajado de cacique, assim como os seus ancestrais faziam: “queremos ser vistos do nosso jeito tradicional”, justifica.
Chicha é armazenada em troncos de buriti

O motivo da nossa visita: minha; do diretor de Cultura, Vanderlei Guollo; e do cinegrafista, Maycon Farias; era registrar e aprender um pouco sobre a cultura milenar dos Paresí-Haliti, principalmente de uma tradição em evidência nessa época do ano: a Festa da Colheita.

A aldeia Quatro Cachoeiras é uma das raras que ainda realizam esta festividade da maneira tradicional. Na atualidade, as festas ocorrem principalmente quando se celebram os rituais de passagem individual, ou seja, nominação de crianças e moças púberes (após a primeira menstruação), e de um ritual de calendário, o da colheita da safra de uma roça de mandioca, como é o caso desta.
Chicha armazenada em cabaças

Nesta festa serão batizadas onze pessoas, entre crianças e adultos. É no batismo que eles recebem um nome em sua própria língua, nome pelo qual serão conhecidos entre os seus. Há ocasiões em que os indígenas adultos recebem um novo nome depois de fatos singulares, como um acidente ou uma doença. Na crença dos Paresí-Haliti o novo nome irá influenciar no restabelecimento de sua saúde e na harmonização de todos os aspectos de sua vida.

De acordo com o cacique Narciso a programação da Festa da Colheita começa na sexta-feira, 07 de maio, a partir das 18 horas, quando será feita a recepção dos convidados, logo em seguida ocorre no interior da hati do cacique uma apresentação de Zolane (dança tradicional), entre outros rituais. A festa segue no sábado de manhã com outras atrações como o Jikunahaty (cabeçabol) e o batizado.

Cacique Narciso e Vanderlei Guollo

Narciso convida a todos para participarem da festa e conhecer um pouco mais da tradição e da cultura dos índios Paresí-Haliti. Os preparativos seguem até as vésperas do acontecimento, desde a última quarta-feira, 28, os índios caçam a ema e o veado, entre outros, para alimentar os festeiros.

Cacique Narciso, o repórter Alexandre Rolim e o cinegrafista Maycon Farias

A festa será regrada a muita chicha e carnes assadas, além de cigarros e biju. Narciso relata que ao contrário das festas dos imóti (homem branco), os Paresí não comercializam as bebidas e os alimentos, pois a visão da festa é preservar a cultura e não obter lucros, por isso, o anfitrião arca com todos os custos.

Matéria retirada do site: http://www.parecis.net/
Fotografias de Vanderlei Guollo

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